— Conversei rapidamente com o presidente Temer hoje na mesa, amanhã eu vou conversar com ele. O que a gente puder salvar dessa reforma a gente salva. Agora a reforma não é a que eu quero ou que a minha equipe econômica quer, é aquela que passa na Câmara e no Senado. A conclusão de todos é que não podemos terminar esse ano sem votarmos — disse Bolsonaro.
Ao longo do dia, além do próprio Bolsonaro, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, também defendeu a possibilidade de uma reforma parcial aproveitando a proposta já em tramitação no Congresso e elaborada pelo governo Temer. Segundo Guedes, caso a proposta de Temer não seja aprovada, caberá ao presidente eleito trabalhar com uma "reforma diferente" no ano que vem.
— Estamos defendendo aprovar essa reforma que está aí, tirar essa nuvem negra do horizonte, e nos dar tempo de fazer uma transição para um novo regime trabalhista e previdenciário — afirmou Guedes.
Guedes disse que será feita uma “sondagem” entre os parlamentares para verificar se há apoio político para votar a medida, e ressaltou que Bolsonaro não pode ser derrotado no Congresso antes mesmo do início do governo:
— É natural que um político diga que nós não podemos transformar um homem que venceu nas urnas em um homem que vai ser derrotado antes mesmo de começar.
O novo regime defendido por Guedes é o de capitalização, no qual o valor da aposentadoria do trabalhador depende de com quanto ele contribuiu. Apesar da defesa feita pelo economista, Bolsonaro disse nesta semana “desconfiar” desse regime. Para Guedes, é “natural” que o presidente eleito tenha dúvidas.
— É muito natural que as pessoas falem que é preciso fazer essa transição com calma. É natural que pessoas que não conhecem o assunto profundamente tenham dúvidas. É natural que ele tenha apreensões — disse.
Caso a reforma de Temer não seja aprovada, o futuro ministro da Economia disse que o governo Bolsonaro irá propor uma reforma da Previdência diferente da que está em discussão.
Mais cedo, o filho do presidente eleito, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou ser difícil aprovar alguma mudança na Previdência ainda neste ano, apesar de seu pai ter voltado a falar sobre o tema nesta segunda-feira.
— Acho difícil aqui, pelo tempo — disse Eduardo Bolsonaro.
Renegociação da dívida
Paulo Guedes negou que o novo governo tenha em estudo alguma propostas para “renegociar” a dívida interna. Em entrevista nesta segunda-feira, Bolsonaro disse que citou uma possível “renegociação” de dívida, sem dar qualquer explicação sobre o tema.
— Eu falei tantas vezes que os juros excessivos que o presidente talvez tenha falado em renegociar dívida. Isso está fora de cogitação, não se pensa nisso, isso não existe. A renegociação de dívida não é um problema — disse Guedes.
Paulo Guedes se reúne com o atual ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, pela primeira vez após as eleições nesta terça-feira para dar início oficialmente à transição presidencial.
Fonte: O Globo